A planta do café foi introduzida no Brasil pela primeira vez em 1727 pelo oficial luso-brasileiro Francisco de Melho Palheta. Palheta havia sido enviado para Caiena, na Guiana Francesa, para atuar como intermediário em uma disputa fronteiriça. O governador do Maranhão e do Grão-Pará, João da Maia Gama, o nomeou para resolver a questão, mas também lhe deu algumas instruções adicionais: “Se acontecer de você entrar em um quintal ou jardim onde há café, veja se consegue esconder um alguns feijões a pretexto de provar a fruta” (Taunay 1943).
Francisco de Melho Palheta, o oficial luso-brasileiro responsável por trazer café para o Brasil.
Na época, os franceses estavam proibidos de vender sementes de café que tivessem capacidade de germinar e proibidos em geral de fazer negócios com brasileiros ou portugueses, por isso as preciosas sementes tiveram que ser adquiridas em grande sigilo. Segundo a lenda popular, Palheta não teve sorte em colher cerejas dos canteiros de flores do seu anfitrião, mas em vez disso cultivou uma relação frutífera com a esposa do governador francês. Ela ficou tão encantada com sua galanteria que o presenteou com um generoso presente de despedida - um buquê, secretamente recheado com mudas de café.
O bouquet devia ser mesmo pesado, pois em 1733 Palheta escreveu ao rei português dizendo que tinha conseguido obter mais de mil sementes e quatro mudas de café na sua viagem (César 2018). Ao retornar de Caiena, as sementes foram distribuídas entre agricultores do Pará, país natal de Palheta, e nasceu a indústria cafeeira brasileira.
Nas décadas seguintes, o café continuou sendo uma cultura secundária no Brasil, em comparação com o açúcar. Durante o século XVIII, a indústria cafeeira foi dominada por plantações nas ilhas do Caribe, particularmente na colônia francesa de São Domingos (hoje conhecida como Haiti), que em 1788 produzia metade do café mundial (Pendergrast 2010).
O ano de 1791 viu o início da Revolução Haitiana, uma revolta contra o domínio colonial francês. Começou com uma revolta de trabalhadores africanos escravizados e acabou por levar à abolição da escravatura e ao estabelecimento do Haiti como um estado independente.